quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Mensagem da Virada

comecei a ler um livro do Deepak Chopra. Na minha cabeça o cara era tipo um pop-star do bem-estar, e realmente é. Um pop-star do bem-estar. Antes eu via isso de forma negativa, carga da grande quantidade de merda disseminada sob a alcunha do pop, popular, do "na moda". Mas, após algumas páginas lidas, vi que não era uma coisa ruim. O cara realmente encherga, e descreve o que vê de forma bela e sincera, sem sinais da podridão moderna. Assim, fiquei feliz que um material desse tenha conseguido o status de pop.
Segue abaixo um trecho de uma das últimas páginas do livro. Eu tava pensando sobre a virada de mais um ano que se aproxima e, por algum motivo, abri o livro no final, mesmo estando apenas no começo. Recebi, de presente do "acaso", essa linda mensagem que fala tudo. Passo ela para vocês, como presente e energia de Ano Novo.



"Somos todos viajantes de uma jornada cósmica - poeira de estrelas, girando e dançando nos torvelinhos e redemoinhos do infinito. A vida é eterna. Mas suas expressões são efêmeras, momentâneas, transitórias. Gautama Buda, fundador do Budismo, disse certa vez:

"Nossa existência é transitória como as nuvens de outono. Observar o nascimento e a morte do ser é como olhar os movimentos de uma dança.
Uma vida é como o brilho de um relâmpago no céu,
Levada pela torrente montanha abaixo."

Nós paramos um instante para encontrar o outro, para nos conhecermos, para amar e compartilhar. É um momento precioso, mas transitório. Trata-se de um pequeno parêntese na eternidade. Se partilhamos carinho, sinceridade, amor, criamos abundância e alegria para todos nós. Esse momento de amor é valioso."

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

se você é jovem ainda

pensando na vida, pra variar, lembrei de uma pérola, um clássico da filosofia popular. essa música faz bem mais sentido hoje do que quando eu era moleque.


Se você é jovem ainda (Chaves e a galera da Vila)

Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda,
Amanhã velho será, velho será, velho será!
A menos que o coração, que o coração sustente
A juventude, que nunca morrerá!

Existem jovens de oitenta e tantos anos,
E também velhos de apenas vinte e seis.
Porque velhice não significa nada,
E a juventude volta sempre outra vez!

Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda,
Amanhã velho será, velho será, velho será!
A menos que o coração, que o coração sustente
A juventude, que nunca morrerá!

E você é tão jovem quanto sente
Pode apostar: é jovem pra valer
E velho é quem perde a pureza
E também é quem deixa de aprender!

Não diga não à vida que te espera,
Pra festejar a alegria de viver,
Pra agradecer a luz do seu caminho,
E você vai com isso entender!

Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda,
Amanhã velho será, velho será, velho será!
A menos que o coração, que o coração sustente
A juventude, que nunca morrerá!

Nhonho: "Olha, olha turma! O Dr. Chapatin!
É o velho mais jovem que eu conheço!"

Dr. Chapatin: "Eu não sou velho, viu!
Sou uma pessoa vivida!"

Nhonho: "É, Dr. Chapatin,
Quantos anos o senhor tem, hein?"

Dr. Chapatin: "Eu? Todos!
Mas isso não te interessa, ouviu!
Jovem ainda!"

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

pensando durante o intervalo de almoço

não quero convencer ninguém de nada.

gostaria que percebessem, sentissem.

convencer tem a ver com argumento

e confesso não ter muitos.

o que tenho são sentimentos que me dão certezas.

meu empenho é escrever sentimentos, sensação, um suspiro.

é complicado!

quando me deparo com alguém que sente mais amor por uma equação balanceada do que por um ninho de pássaros repleto de ovinhos.....

bom, então vejo o quão longa e tortuosa é essa estrada.

bora nessa!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

não perca as crianças de vista - o rappa

Pra enxergar o infinito
Debaixo dos meus pés
Não basta olhar de cima
E buscar no escuro, no obscuro
A sombra que me segue todo dia

Deixo quieto e seguro as páginas dos sonhos que não li
E outra vez não me impeço de dormir

Os jornais não informam mais
E as imagens nunca são tão claras
Como a vida

Vou aliviar a dor e não perder
As crianças de vista

Família, um sonho ter uma família
Família, um sonho de todo dia

Família é quem você escolhe pra viver
Família é quem você escolhe pra você
Não precisa ter conta sanguínea
É preciso ter sempre um pouco mais de sintonia

Família

haikai #1

your skin....


full of imperfections....


i'm in heaven....


right now.

contra situação geral das coisas #6

um tom grosso, de grosseria.

a voz carregada de violência.

esse é um dos efeitos colaterais de se trabalhar,

de ser escravo de alguém por alguns "reais".

tenho atendido telefonemas de clientes e fornecedores

e posso dizer que essas pessoas esqueceram de como é ser poesia.

dirigem suas palavras como quem aponta uma carabina para um alvo,

o dedo coça, ansioso em apertar o gatilho ao mínimo sinal de movimento suspeito.


o desafio do trabalho moderno não ensina,

não sensibiliza,

não enriquece o espírito como os verdadeiros perrengues da Vida.

na Vida o grande martelo vem,

pressiona o ser contra a bigorna,

estilhaça a nossa unidade e espalha por diferentes cantos nossos pedaços em lascas.

cada pedaço, agora cada um em um lugar, observa o ambiente sob uma nova perspectiva.

o grande martelo, depois do estrago, transforma-se em vassoura, e começa a reagrupar nossos fragmentos.

o fragmento que antes estava por cima agora fica em baixo, aquele que ficava no centro agora esta mais pela periferia.

o fragmento que achava que não, depois de enchergar diferente enquanto estava separado do todo, agora acha que sim, ou talvez, ou pelo menos "por que não?".

o ser, depois do perrengue, é outro.

sofreu, quebrou, ficou em pedaços.

resistiu à força do vento, algumas lascas menores foram carregadas para longe, tinham que ser levadas para longe.

o ser, agora reformado, é rico.

muito mais rico do que era antes.

riqueza de verdade.

esse é o martelo da vida.

o que faz o martelo do trabalho?

ele bate, bate, bate, bate, sem descanso.

o ser, sendo pressionado ininterruptamente, não quebra.

não quebra por medo de quebrar, seria um absurdo!

ao invés disso o ser vai endurecendo, endurecendo......

suas partes foram tão subjulgadas que se espremem uma entre as outras, formando uma casca

dura e sem sentimentos, pronta para aguentar marteladas.

o ser, que agora já posso chamar de pedra, fica duro, seco.

o que vocês recebem por se transformarem numa pedra super resistente?

o que lhe foi ensinado depois de tudo isso, que riqueza real foi recebida?

nenhuma.

recebeu apenas algumas tiras de papel colorido, com desenhos e números em cima,

que você vai utilizar para manter forte e vigoroso o mesmo martelo que te fez pedra,

para que ele faça o mesmo com seus amados e vizinhos.






o ser vai diminuindo.......diminuindo........

e desaparece, sem deixar vestígios.

sábado, 11 de dezembro de 2010

citando sábios #2

esse é do próprio Rubem Alves, um mestre de sutilezas:

"Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito.... A arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas. Não é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir. Os falantes que julgam que por sua fala bonita serão amados são uns tolos. Estão condenados a solidão. Quem só fala e não sabe ouvir é um chato.... O ato de falar é um ato masculino. Fala é falus: algo que sai, se alonga e procura um orifício onde entrar, o ouvido.... Já o ato de ouvir é feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser penetrado. Não me entenda mal. Não disse que fala é coisa de homem e ouvir é coisa de mulher. Todos nós somos masculinos e femininos ao mesmo tempo. Xerazade, quando contava as estórias das 1001 noites para o sultão, estava carinhosamente penetrando os vazios femininos do machão. E foi dessa escuta feminina do sultão que surgiu o amor. Não há amor que resista ao falatório".

citando sábios #1

segue abaixo trecho de Gaston Bachelard, citado por Rubem Alves no livro "Ostra feliz não faz pérola". Obrigado Rubem, por mais esse pedaço de belo bom-senso.


"Ergo suavemente um galho; um pássaro está ali chocando os ovos. Não levanta voo. Somente estremece um pouco. Tremo por fazê-lo tremer. Tenho medo que o pássaro que choca saiba que sou um homem, o ser que deixou de ter a confiança dos pássaros. Fico imóvel. Lentamente se acalma - imagino eu! - o medo do pássaro e o meu medo de causar medo. Respiro melhor. Deixo o galho voltar ao seu lugar. Voltarei amanhã. Hoje, trago comigo uma alegria: os pássaros fizeram um ninho no meu jardim".

domingo, 5 de dezembro de 2010

força forte

de qual força eu preciso mais?

meu pai tocando o violão,

a água caindo em peso do alto e por entre uma cachoeira.

não há força que seja forte senão sensível.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

eu paro e penso #3

um garotinho desenha ao meu lado.

é uma casa - ele diz.

é a casa de quem? - pergunto

é uma mansão, todo mundo pode morar nela.

Conclusões

as maiores coisas

as conclusões alimento

as respostas verdadeiramente poderosas

não cabem em verbos.

não podem ser expostas como quem aponta o dedo para um caminho

estruturadas em raciocínio parede.


as maiores respostas são verdades da alma

são sinceridades nuas, cruas, lindas.

as grandes conclusões são sentimentos, sensação.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

vida safada

vida safada.

diz-me que sei,

que já passou a tormenta,

mas lá vem outra onda que rebenta.



talvez eu passe os dias todos na maré alta

ensopado por viver

inevitavelmente em movimento

nadando por correntes duvidosas

pouco familiares.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

mais um pedaço

Sobre os muros,
poças d´água.
Infiltrações esverdiadas dão o tom à chuva magra.

Mamangavas sibilam pretas dentro dos encanamentos roucos das árvores sem seiva.

sábado, 13 de novembro de 2010

uns pedaços

"mas na areia caminha com uma instabilidade deliciosa, de chinélo"


"o abajur é fraco, mais amarelado que o jornal do dia 4."


"frágil uva sem casca. largada na rua dom pedro segundo, no meio da calçada."


"era noite, quase ano novo, e algumas gotas ainda escorriam por entre as rugas murchas dos coqueiros enfileirados na calçada.
dentro duma varanda cheia de amarelo e maresia dizia-se pouco ou quase nada sobre as vermelhas coxas da vizinha entediada.
o som das palavras eram rabiscos no papel pautado, eram vozes em bolhas de cerveja estourando ao serem cravejadas pelo sal do vento"

terça-feira, 9 de novembro de 2010

contra a situação geral das coisas #5

todos os dias nascem deuses.....

todos os dias nascem deuses.....

todos os dias nascem deuses!

a frase é de uma música do nação zumbi e eu boto fé:

somos deuses

divinos

grãos dum mar olimpo.

somos reinos

cristos

pólen de uma flor gigante em riso.


de que deus é esse que falam os padres, pastores e bispos?

porque tanta linguagem, ouro e máscaras?

qual Céu é esse, tão distante, que é chamado de céu?

Porque não Terra? Solo? Olho? Paz?





É nefasto o fato de que podar pessoas tenha se transformado no negócio mais bem sucedido da humanidade.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

alimento

certo dia estava eu num dia cinza. sabe? aqueles dias cinzas. até o fogo do fogão tava cinza. O vento gelado que entrava porta abaixo, cinza. Eu era cinza e sentia fome.

Fome não. Precisava nutrir, saciar alguma coisa. Meu estômago, no entanto, não estava carente.

Aliás, eu não sabia que precisava. Estava num estado alpha negativo e com um frio no peito, sem saber.

Andando pela rua, de repente, que delícia! que gostoso! Comecei a ser alimentado involuntariamente, num processo de restauração instantâneo. Detrás dum prédio morto surgiu uma imensa massa avermelhada, adentrando meus olhos como arroz feijão e bife numa boca faminta.

Eu tinha fome de cor e fui alimentado pelo sol.

é foda quando......

as pessoas falam de crise como se estivessem falando de vinhos

falam de comunidades famintas

falam de famílias queimadas

falam do sangue da Terra

como se estivessem falando de vinhos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Eu paro, e penso......#2

Outro dia estava eu sob a mesma árvore de sempre, fumando meu paiero num intervalo do trabalho. Observava as formigas, pra variar, quando fui abordado por um vigia da universidade. Pensei que ele fosse condenar o meu cigarro de palha, achando que era um baseado (isso já aconteceu algumas vezes e continua a acontecer).

Opa.....você estuda aqui? - perguntou o vigia, meio encabulado

Estudei, mas agora só trabalho aqui. - respondi, meio desconfiado

A tá.....e.......você sabe os cursos que tem aqui? - prosseguiu o vigia

Ah.....sei.....mas não todos....eu acho.... - respondi, agora curioso

É que eu queria saber se tem um curso aqui....... - ele ficou ainda mais encabulado, ensaiando um sorriso amarelo

Esperei ele desenbuchar e falar o que lhe interessava mas tive que puxar:

De que curso você quer saber?

Uma pausa, depois outro sorriso amarelo:

Algum curso de..........culinária.........alguma coisa nessa área.......

Ficou supreso? Bom, eu fiquei. Culinária......um vigia.....

Hmm culinária......tipo......gastronomia? - perguntei

Isso isso! - respondeu animado

Então.......eu acho que não. Pelo menos não conheço ninguém que faça gastronomia aqui..........eh........acho que não tem não. O sr. queria fazer gastronomia?

É, então........eu gosto né. Tava vendo onde que tem pra estudar essas coisas por aqui.........mas também não tenho muito tempo......sabe como é......

É.......osso........ - foi só o que pude responder, no auge da minha capacidade intelectual

Bom, obrigado viu. Deixa eu continuar meu trabalho e te deixar em paz. - disse o vigia, já se retirando.

Magina....... - disse eu, com a cabeça embaralhada de pensamentos.



Culinária! Gastronomia! Arte com comida! Artes! Pintura! Guache! Tinta! Música! Teatro! Acordes! Luzes! Cores! Corpos! Melodia! Aroma! Letras! Livros! Linhas! Curvas! Gestos! Dança!


Todos deveriam viver em condições de realizar sua alma. Todos deveriam poder passar os dias da vida cozinhando ensopados e temperando mexilhões, se é com isso que a alma fica tranquila. Eu sei disso. Eu sei. Com isso em mente posso afirmar com autoridade infinita: temos que mudar. Temos que mudar. Temos que mudar. Temos que mudar. Pronto, tudo está mudando.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

você ouve todo dia e obedece

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

Ei, seu idiota! Compre!

contra a situação geral das coisas #4

o homem nasceu humano e, no decorrer da História, foi perdendo o que de humano tinha.
nascemos bichos, numa poça de barro, e a partir daí caminhamos para a total esquizofrenia.

ao nos percebermos como gente começamos a distorcer a realidade, ficamos estupidamente orgulhosos de nós mesmos.

evoluídos, tão espertos, fomos inventando um outro mundo em nossas cabeças.
números para o pasto, normas para o coletivo, verdades não naturais, tão ingênuas e filhas da puta.

a partir dái não paramos mais! uhuull!! para que viver em árvores se posso viver num cubo de cimento? para que caminhar na terra batida quando podemos cobrir cada poro da Terra com piche preto? e quem, meu deus, precisa de ar limpo? quanta bobagem! tenho um estoque de máscaras de gás que me deixam dormir tranquilo! eu sou evoluido! estou em franco desenvolvimento! já sei fazer luz! já sei passear pelo espaço! já sei transportar novessentos e quarenta e sete trilhões de toneladas de veneno por segundo! já consigo enviar a minha sogra para o outro lado do mundo via internet!

não dá. tudo está perdendo o sentido. o objetivo de tudo que fazemos é o lucro, que por si só não significa BOSTA nenhuma. casas cubo de cimento é bom para o lucro, poros da Terra tampados com óleo grosso é bom para o lucro, vc se foder no final do mês é bom para o lucro, derrubar todas as árvores e jogar veneno em todos seres vivos desse planeta é bom para o lucro, as pessoas passarem fome e ficarem com ossos aparecendo por baixo da pele seca ou se entupirem de gordura até sair pelos ouvidos é bom para o lucro! Misseis explodindo cabeças de crianças e idosos é bom para o lucro! Elementos radiativos atrofiando membros e cérebros é bom para o lucro! Puta que o pariu! Puta que o pariu! Você não tá cansado de ser medíocre, seu grande filho da puta?


somos cânceres. somos os idiotas mais orgulhosos do sistema solar. não sabemos o que é respeito. percebo o quão medíocre somos e, a partir desse momento, sinto-me no direito de constatar: temos que mudar essa bosta toda e fazer valer a vida. Acorda caralho!!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

contra a situação geral das coisas #3

As coisas andam misturadas. Eleições. Vou falar sobre esse lixo. (eu ia escrever palhaçada, mas, em respeito aos artistas de cara pintada, não envolverei o termo em assunto tão fétido e pegajoso)


Quase levanto da cadeira. Penso num objetivo. Levanto da cadeira. O objetivo é café, que fica no corredor, ao lado da porta da minha sala. Abro, passo e fecho a porta, lá estou eu no corredor. Para evitar queimar os dedos pego o tal do café com a ajuda de um copo. Me viro ainda dissolvendo o açucar e vejo um jornal sobre uma mesa cinza sem graça que tem no corredor.


Acho que era Folha de São Paulo. Se não, era outro desses grandes. Primeira página, fotos enormes, !tcham pá! eleições! Tratava das eleições presidenciais daquele jeito sério usual. Claro que é sério, como qualquer outro meio de informação sério, informativo, informador, que dá a notícia involta por fatos e fotos, depoimentos e assinaturas. Realidade é o que está escrito ali do jeito que ali está escrito.

Coisa nenhuma!

Jornal não é ponte para a realidade. TV não é ponte para a realidade. Internet não é ponte para a realidade.

Voltemos ao jornal em questão. Foi um detalhe que me chamou a atenção e fez-me sentir repulsa. Os cara tão lá, falando de eleições presidenciais, falando sobre o processo que tem como resultado a determinação de quem será o novo Presidente do país. (Acho que é bom nesses casos ressaltar essas obviedades porque, putaquepariu, parece que tão falando de quem vai ganhar o BBB ou alguma outra aberração desse tipo). Tem lá aquelas barrinhas coloridas que indicam como anda as "intenções de voto" da população, que para mim servem apenas para impor uma realidade massificadora e virtual sobre a complexidade das entre-linhas ignoradas. No final das barrinhas dos candidatos (todos? claro que não. só tem barrinha colorida na primeira página do jornal a dilma, o serra e de lambuja a marina. os outros? ah, já que ninguém vai votar neles mesmo nem precisam se preocupar! Ainda mais que se estivessem lá a barrinha deles seria mais parecida com um ponto, ia estragar todo o layout!) tem uma caricatura super colorida (combina com as barrinhas!) de cada um........................................andando de skate! é isso ai! uhuuull! os três candidatos numa corrida divertida, animada e acirrada(?) rumo a linha de chegada! Quem chegará primeiro? Quem será? Numa semana Dilma coleta cinco estrelas coloridas, come um cogumelo da sorte e avança sete casas! Na outra, Serra pega um corta-caminho pela floresta encantada e com seu skate avança cinco casas! Putaquepariu de novo! Caricaturas de skate? É mesmo? Skate? Uma falta de respeito e uma irresponsabilidade que dá nojo. É esse o tom que predomina no assunto Eleição. É o pouco caso, a frieza, o miss-direction das mágicas utilizado para o mal. O lance dos skates no jornal foi só uma desculpa que meu cérebro utilizou para escancarar minha indignação perante tamanha FILHA DA PUTAGEM. O que são as campanhas de marketing dos candidatos a qualquer coisa no governo? Parece que estão vendendo sabonetes ou algo do tipo. O que são as musiquinhas, os jingles? Essas coisas matam gente, fazem eu, vc, seu filho, seu pai, seu avô, sua avó, tomarem no meio do cú! Os caras estão lá supostamente pra ajudar a aliviar o sofrimento das pessoas e o que eles tem para pedir o nosso apoio são musiquinhas que não significam ABSOLUTAMENTE NADA. Infectam cada centímetro do nosso olhar com uma poluição vazia de significados e cheia de veneno. Amontoam cartazes sobre nossas cabeças, pregam banners nas nossas costas, colam adesivos nos nossos carros, bicicletas e testas. Vendem-se. São produtos. São marcas. São alegorias da esperança estratégicamente mal direcionada.



Toda essa safadeza mata.

Perceba-se dentro da manada.

Não podemos ser uma massa homogênea e passiva que escorre facilmente direcionada pelo caminho que nos é oferecido pela inércia.

Explodamos a massa e vamos nos projetar pelo espaço como os pontos de luz dos fogos de artifício.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

contra a situação geral das coisas #2

depois de ler um texto enorme sobre a crise econômica, dois caras travaram uma discussão de economistas. no bate-rebate das mensagens via internet, discutindo a legitimidade e perfil da crise dentro do contexto global (esse maledeto!) e com cada um querendo estar mais certo que o outro, senti a necessidade de inserir uma mensagem na discussão dos dois:

No sistema……Do sistema…….Como é triste ver pessoas gastando suas habilidades e energias disputando a credibilidade de suas afirmações, apontando para espaços enormes e nebulosos que não podem ser tocados e sentidos com a ponta dos dedos, prendendo-se a detalhes de ortografia e pontuação. Vocês sabem muito, com certeza mais do que eu, mas exponho sinceramente que precisamos de mais sensibilidade. É, vago desse jeito mesmo. É vago porque sensibilidade é humana, é um termo que o sistema e a maioria dos grandes empresários não conhecem, apesar de eficientemente apagá-lo do espírito das pessoas. Sei lá, eu sei que a pegada de vocês é outra e imagino que estejam dispostos a fazer um trabalho legal. Só acho que as pessoas poderiam ser mais pessoais, valorizando o ser humano, escrevendo sobre os problemas que se vê nos olhos das pessoas que moram na mesma rua, analisando a sua felicidade e a do vizinho, ajudando a plantar uma horta na escola do bairro, querendo bem as pessoas que passam na rua. essa visão agigantada que vocês discutem me cega os olhos, tira as forças dos meus braços, e parece que é exatamente para isso que o sistema trabalha.

Eu paro, e penso......#1

Na Universidade Federal de São Carlos os "Veículos Oficiais" podem passear pela grama e, se bobear, podem até dar cavalo-de-pau no meio do bosque. O funcionário que dirige o "Veículo Oficial" sabe que se ele estivesse com sua usual Brasília 82 não o deixariam fazer aquilo, e por isso mesmo faz manobras sem pressa e com um sorriso misteriosamente satisfeito no rosto.

Eu paro, e penso......

contra a situação geral das coisas #1

entro no youtube. minha cabeça lembra da compilação de vídeos de pessoas entrando em surto psicótico devido ao stress no ambiente de trabalho. foi um colega do trabalho que me mostrou, enquanto mal se segurava na cadeira de tanto rir. as pessoas, no vídeo, arremessavam ventiladores na cabeça do outro, rolavam no chão de um elevador numa briga cuja intenção era, aparentemente, rasgar a carne do "adversário". Ha-Ha-Ha!

entro no youtube. na primeira página estão os vídeos mais recentes e os mais assistidos. É lindo o que a internet e a "Era da informação" podem servir aos cérebros mais gulosos. "Vinte dias sem dar uma bela de uma cagada", "Passione/Capítulo 109/Parte 1", "Malhação/Segunda-feira/Parte 3", "Safadeza Oculta" e "Jogos Mortais 7". Esses são alguns dos destaques, alguns dos títulos mais procurados e assistidos pela população que, graças a florida globalização e a deliciosa democratização do acesso aos meios de comunicação, pode enriquecer seu intelecto com uma
dose cavalar (maior do que nunca) de merda quente enfiada pelo nariz, injetada nos olhos e socada na orelha! Aaahhh nada como o desenvolvimento! Uhuuull!!!




Chega um ponto onde não há mais humor.

Chega um ponto onde a futilidade perde a graça e vira verme comedor de gente.

Chega um ponto onde a distração vira informação, formação (forma) de um olhar distraído.

Chega um ponto onde o que se sente é o mesmo que se vê, porra nenhuma.

Chegou.