sexta-feira, 24 de setembro de 2010

contra a situação geral das coisas #3

As coisas andam misturadas. Eleições. Vou falar sobre esse lixo. (eu ia escrever palhaçada, mas, em respeito aos artistas de cara pintada, não envolverei o termo em assunto tão fétido e pegajoso)


Quase levanto da cadeira. Penso num objetivo. Levanto da cadeira. O objetivo é café, que fica no corredor, ao lado da porta da minha sala. Abro, passo e fecho a porta, lá estou eu no corredor. Para evitar queimar os dedos pego o tal do café com a ajuda de um copo. Me viro ainda dissolvendo o açucar e vejo um jornal sobre uma mesa cinza sem graça que tem no corredor.


Acho que era Folha de São Paulo. Se não, era outro desses grandes. Primeira página, fotos enormes, !tcham pá! eleições! Tratava das eleições presidenciais daquele jeito sério usual. Claro que é sério, como qualquer outro meio de informação sério, informativo, informador, que dá a notícia involta por fatos e fotos, depoimentos e assinaturas. Realidade é o que está escrito ali do jeito que ali está escrito.

Coisa nenhuma!

Jornal não é ponte para a realidade. TV não é ponte para a realidade. Internet não é ponte para a realidade.

Voltemos ao jornal em questão. Foi um detalhe que me chamou a atenção e fez-me sentir repulsa. Os cara tão lá, falando de eleições presidenciais, falando sobre o processo que tem como resultado a determinação de quem será o novo Presidente do país. (Acho que é bom nesses casos ressaltar essas obviedades porque, putaquepariu, parece que tão falando de quem vai ganhar o BBB ou alguma outra aberração desse tipo). Tem lá aquelas barrinhas coloridas que indicam como anda as "intenções de voto" da população, que para mim servem apenas para impor uma realidade massificadora e virtual sobre a complexidade das entre-linhas ignoradas. No final das barrinhas dos candidatos (todos? claro que não. só tem barrinha colorida na primeira página do jornal a dilma, o serra e de lambuja a marina. os outros? ah, já que ninguém vai votar neles mesmo nem precisam se preocupar! Ainda mais que se estivessem lá a barrinha deles seria mais parecida com um ponto, ia estragar todo o layout!) tem uma caricatura super colorida (combina com as barrinhas!) de cada um........................................andando de skate! é isso ai! uhuuull! os três candidatos numa corrida divertida, animada e acirrada(?) rumo a linha de chegada! Quem chegará primeiro? Quem será? Numa semana Dilma coleta cinco estrelas coloridas, come um cogumelo da sorte e avança sete casas! Na outra, Serra pega um corta-caminho pela floresta encantada e com seu skate avança cinco casas! Putaquepariu de novo! Caricaturas de skate? É mesmo? Skate? Uma falta de respeito e uma irresponsabilidade que dá nojo. É esse o tom que predomina no assunto Eleição. É o pouco caso, a frieza, o miss-direction das mágicas utilizado para o mal. O lance dos skates no jornal foi só uma desculpa que meu cérebro utilizou para escancarar minha indignação perante tamanha FILHA DA PUTAGEM. O que são as campanhas de marketing dos candidatos a qualquer coisa no governo? Parece que estão vendendo sabonetes ou algo do tipo. O que são as musiquinhas, os jingles? Essas coisas matam gente, fazem eu, vc, seu filho, seu pai, seu avô, sua avó, tomarem no meio do cú! Os caras estão lá supostamente pra ajudar a aliviar o sofrimento das pessoas e o que eles tem para pedir o nosso apoio são musiquinhas que não significam ABSOLUTAMENTE NADA. Infectam cada centímetro do nosso olhar com uma poluição vazia de significados e cheia de veneno. Amontoam cartazes sobre nossas cabeças, pregam banners nas nossas costas, colam adesivos nos nossos carros, bicicletas e testas. Vendem-se. São produtos. São marcas. São alegorias da esperança estratégicamente mal direcionada.



Toda essa safadeza mata.

Perceba-se dentro da manada.

Não podemos ser uma massa homogênea e passiva que escorre facilmente direcionada pelo caminho que nos é oferecido pela inércia.

Explodamos a massa e vamos nos projetar pelo espaço como os pontos de luz dos fogos de artifício.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

contra a situação geral das coisas #2

depois de ler um texto enorme sobre a crise econômica, dois caras travaram uma discussão de economistas. no bate-rebate das mensagens via internet, discutindo a legitimidade e perfil da crise dentro do contexto global (esse maledeto!) e com cada um querendo estar mais certo que o outro, senti a necessidade de inserir uma mensagem na discussão dos dois:

No sistema……Do sistema…….Como é triste ver pessoas gastando suas habilidades e energias disputando a credibilidade de suas afirmações, apontando para espaços enormes e nebulosos que não podem ser tocados e sentidos com a ponta dos dedos, prendendo-se a detalhes de ortografia e pontuação. Vocês sabem muito, com certeza mais do que eu, mas exponho sinceramente que precisamos de mais sensibilidade. É, vago desse jeito mesmo. É vago porque sensibilidade é humana, é um termo que o sistema e a maioria dos grandes empresários não conhecem, apesar de eficientemente apagá-lo do espírito das pessoas. Sei lá, eu sei que a pegada de vocês é outra e imagino que estejam dispostos a fazer um trabalho legal. Só acho que as pessoas poderiam ser mais pessoais, valorizando o ser humano, escrevendo sobre os problemas que se vê nos olhos das pessoas que moram na mesma rua, analisando a sua felicidade e a do vizinho, ajudando a plantar uma horta na escola do bairro, querendo bem as pessoas que passam na rua. essa visão agigantada que vocês discutem me cega os olhos, tira as forças dos meus braços, e parece que é exatamente para isso que o sistema trabalha.

Eu paro, e penso......#1

Na Universidade Federal de São Carlos os "Veículos Oficiais" podem passear pela grama e, se bobear, podem até dar cavalo-de-pau no meio do bosque. O funcionário que dirige o "Veículo Oficial" sabe que se ele estivesse com sua usual Brasília 82 não o deixariam fazer aquilo, e por isso mesmo faz manobras sem pressa e com um sorriso misteriosamente satisfeito no rosto.

Eu paro, e penso......

contra a situação geral das coisas #1

entro no youtube. minha cabeça lembra da compilação de vídeos de pessoas entrando em surto psicótico devido ao stress no ambiente de trabalho. foi um colega do trabalho que me mostrou, enquanto mal se segurava na cadeira de tanto rir. as pessoas, no vídeo, arremessavam ventiladores na cabeça do outro, rolavam no chão de um elevador numa briga cuja intenção era, aparentemente, rasgar a carne do "adversário". Ha-Ha-Ha!

entro no youtube. na primeira página estão os vídeos mais recentes e os mais assistidos. É lindo o que a internet e a "Era da informação" podem servir aos cérebros mais gulosos. "Vinte dias sem dar uma bela de uma cagada", "Passione/Capítulo 109/Parte 1", "Malhação/Segunda-feira/Parte 3", "Safadeza Oculta" e "Jogos Mortais 7". Esses são alguns dos destaques, alguns dos títulos mais procurados e assistidos pela população que, graças a florida globalização e a deliciosa democratização do acesso aos meios de comunicação, pode enriquecer seu intelecto com uma
dose cavalar (maior do que nunca) de merda quente enfiada pelo nariz, injetada nos olhos e socada na orelha! Aaahhh nada como o desenvolvimento! Uhuuull!!!




Chega um ponto onde não há mais humor.

Chega um ponto onde a futilidade perde a graça e vira verme comedor de gente.

Chega um ponto onde a distração vira informação, formação (forma) de um olhar distraído.

Chega um ponto onde o que se sente é o mesmo que se vê, porra nenhuma.

Chegou.