certo dia estava eu num dia cinza. sabe? aqueles dias cinzas. até o fogo do fogão tava cinza. O vento gelado que entrava porta abaixo, cinza. Eu era cinza e sentia fome.
Fome não. Precisava nutrir, saciar alguma coisa. Meu estômago, no entanto, não estava carente.
Aliás, eu não sabia que precisava. Estava num estado alpha negativo e com um frio no peito, sem saber.
Andando pela rua, de repente, que delícia! que gostoso! Comecei a ser alimentado involuntariamente, num processo de restauração instantâneo. Detrás dum prédio morto surgiu uma imensa massa avermelhada, adentrando meus olhos como arroz feijão e bife numa boca faminta.
Eu tinha fome de cor e fui alimentado pelo sol.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
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