domingo, 5 de junho de 2011

filhos pais paredes e árvores

Vejo pais que passam muito tempo mostrando aos filhos o que não podem fazer e esquecem do espaço para as coisas que os pequenos são capazes de fazer. São as mentes podadas dos pais que se esforçam em podar a mente do filho, restringindo suas habilidades e sensibilidades em nome de um conceito de segurança que é uma gaiola e um modelo de comportamento doente, imposto por um contexto social que enaltece a objetividade e a utilidade em detrimento do devaneio e da imaginação.

Cubos. Isso, cubos. As crianças são criadas para se transformarem em úteis cubos de aço, com suas arestas de medidas matematicamente calculadas e conhecidas, com os ângulos perfeitamente retos. Suas faces são lisas, sem textura, uma igual a outra, simétricas e entediantes. Pra que? Ora, o Pink Floyd já respondeu faz tempo. Assim como todos nós, as crianças são apenas "another brick on the wall". E para se encaixar perfeitamente nessa parede, formar uma estrutura sólida e imutável, nada melhor do que tijolos perfeitos, rigorosamente silenciosos e previsíveis, úteis, sem imaginação, sem poder de criação ou tempo para a vadiagem.

Dentro desse contexto, gosto de imaginar que um dia criarei o meu filho para ele ter a força de ser um "desajustado", feliz em sua unicidade, poderoso em sua capacidade de criar a sua realidade. Gosto de imaginar que não será em nada parecido com um cubo, e sim com uma árvore. Uma bela e assimétrica árvore, com seus múltiplos galhos apontando para os vários cantos do céu, uma profunda raiz sensível em captar os nutrientes da terra, um caule com as texturas mais variadas. Seus frutos serão verdes, roxos, grandes, minúsculos, flores, folhas, cantos, risos, samba!

Cultivemos a potência infantil dos olhares do mundo.

Um comentário:

  1. maaaaaaano mais uma vez vc é o cara
    muito massa esse rolé , é exatamente isso mesmo
    fantastico!

    parabens

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